sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Madhvacharya


Segundo as inscriçöes Sri Kurma de Narahari Tirtha, discípulo direto de Sripad Madhvacharya, ele teria nascido entre 1238 e vivido durante 79 anos, até 1317 D.C.. Isto é confirmado pelo Anu-Madhva-Carita. Conforme as biografias autorizadas compiladas por seus discípulos logo após seu falecimento, Sripad Madhva nasceu no vilarejo de Tulunada, localizado a umas 8 milhas ao sudeste da cidade de Udipi em Karnataka. Vinha de uma família de sivali-brahmanas e era o filho de Madhyageha Bhata.

No comentário a seu Chaitanya-Charitamrita (C.C.Madhya 9.245), Sripad Bhaktivedanta Swami comenta o seguinte: "Em sua infância, Madhvacharya era conhecido como Vasudeva, e existem umas histórias maravilhosas em torno de sua figura. Também se conta que seu pai acumulou muitas dívidas, e Madhvacharya converteu sementes de tamarindo em moedas de verdade para pagá-las. Quando tinha cinco anos de idade, ofereceram-lhe o cordäo sagrado. Um demônio chamado Maniman vivia próximo à sua morada sob forma de cobra, e com a idade de cinco anos Madhvacharya matou aquela cobra com o dedäo de seu pé esquerdo. Quando sua mäe ficava muito preocupada, ele aparecia diante dela num pulo só. Era um grande sábio erudito mesmo já na infância e, embora sem que seu pai concordasse, aceitou sanyasa aos doze anos de idade."

Quando tinha apenas doze anos, Madhvacharya deixou o lar e aceitou a ordem de vida renunciada, sob a guia de Achyutapreksa, seu sanyasa-guru. O nome de sanyasi de Madhva era Purnaprajna Tirtha. Seu profundo estudo das escrituras era incomparável, e o convencera da inutilidade da interpretaçäo Advaita do Vedanta. Sentiu-se inspirado a fazer reviver a interpretaçäo original e pura do Vedanta que promove o teísmo pessoal. Iria fazer isto baseado numa interpretaçäo profunda e inovadora das escrituras, pelo que se tornaria famoso. Essa interpretaçäo é conhecida como o Sudha-Dvaita-Vada, ou dualismo puro.

Depois de sua iniciaçäo, Purnaprajna passou algum tempo no ashrama de Achyutapreksa, onde estudou cuidadosamente os comentários Vedanta de diferentes acharyas, a começar pelo Istasidhi de Vimuktatman. Porém logo, a perícia de Purnaprajna quanto aos argumentos escriturais e sua determinaçäo em estabelecer teísmo pessoal como a conclusäo do Vedanta, cresceram a tal ponto que podia derrotar Achyutapreksa na argumentaçäo. Reconhecendo a erudiçäo superior de Purnaprajna, Achyutapreksa fez dele o líder de seu ashrama. Purnaprajna também recebeu o título de Ananda-tirtha, pelo qual é conhecido em várias literaturas escriturais.

Depois de tornar-se a autoridade de templo no ashrama de Achyutapreksa, Purnaprajna começou a treinar discípulos, pregando sua interpretaçäo do Vedanta e derrotando muitos eruditos de diferentes escolas filosóficas, incluindo budistas, jainistas, advaitistas, e diversos impersonalistas, agnósticos, lógicos, e praticantes de religiöes materialistas. Seu sucesso em derrotar todos oponentes eruditos inspirou-o a viajar pelo sul da India na tentativa de pregar a filosofia do teísmo pessoal e devoçäo a Vishnu extensamente. Nessa época, já tinha formulado completamente todos detalhes de seu sistema filosófico, mas ainda näo registrara seu sistema por escrito.

Sua jornada pelo sul da India foi bastante extensa: levou-o de Udipi ao extremo sul da India (Kanyakumari) e dali a Rameshvaram, Sri Rangam, e muitos outros locais de peregrinaçäo sagrados e importantes. Onde quer que fosse, debatia com os eminentes sábios da escola impersonalista, destruindo suas interpretaçöes do Vedanta com sua brilhante advocacia do teísmo dualista. Suas criticas contudentes ao Vedanta impessoal de Shankaracharya encontraram dura oposiçäo, porém ninguém conseguia vencê-lo na argumentaçäo escritural ou no debate lógico. Conta-se que quando Madhva estava em Kanyakumari, um grande erudito impersonalista da escola de Shankara desafiou-o a escrever seu próprio comentário sobre o Vedanta se näo concordasse com os ensinamentos do mestre. Na ocasiäo, dizem que Madhva prometeu escrever seu próprio comentário Vedanta, elaborando plenamente as conclusöes adequadas do teísmo pessoal. Em Sri Rangam ele também expressou um certo grau de satisfaçäo com as conclusöes do visistadvaita-vada de Ramanuja, por achar que näo se extendia suficientemente ao refutar a perigosa filosofia especulativa de Shankaracharya. Isso aumentou a firme determinaçäo do jovem Madhva de algum dia compor seu próprio comentário incorporando sua própria interpretaçäo singular.

Depois de completar sua viagem pelo sul da India, Madhva decidiu viajar pelo norte da India também. Comosua resoluçäo de completar seu próprio comentário Vedanta crescia dia a dia, ele estava ansioso por principiar o trabalho. Porém Madhva desejava ter as bençäos do autor do Vedanta, o próprio Vedavyasa, antes de começar um projeto täo audacioso. Entäo partiu para o norte da India e os Himalaias, a fim de obter as bençäos de Vedavyasa, pois dizia-se que Vyasa, sendo imortal, ainda residia em seu ashrama em Badarainatha, embora nunca se fizesse visível aos olhos mortais.

Depois de longa jornada a pé, Sripad Madhva finalmente chegou ao Anantamatha em Badarinatha. Ali ele permaneceu por sete semanas, absorto em jejum, oraçäo e meditaçäo devocional. Recebendo inspiraçäo interna, continuou a subir mais os Himalaias, até Badarikashrama, no alto Badari, onde Vedavyasa tem seu eremitério. Ali encontrou Vedavyasa e explicou seu comentário sobre o Bhagavad-gita ao próprio Vyasa, que aprovou. Ao encontrar Vedavyasa, recebeu uma shalagrama-sila conhecida como Astamurti. Depois de discutir as escrituras com Vyasadeva, a compreensäo de Sripad Madhvacharya do sentido interno delas se tornou ainda mais profunda. Ele permaneceu em Badarikashrama por alguns meses até que terminasse de compor seu comentário sobre o Bhagavad-gita, depois do que retornou a Anantamatha. Nessa época o companheiro de Madhva, Satya Tirtha, registrou por escrito todo o comentário. Também nessa época, Madhva escreveu seu comentário sobre o Vedanta.
Despedindo-se de Badarinatha, Madhva começou a longa viagem de volta. No caminho, novamente encontrou e derrotou muitos sábios das várias escolas filosóficas. Viajou através de Bihar, Bengala, Orissa e Andhradesha. O Madhva-vijaya descreve que quando Madhva chegou a Ganjama, às margens do rio Godavari, encontrou com dois eruditos eminentes, que eram bem versados em todas escrituras importantes: Sobhana Bhata e Swami Shastri. Após convertê-los à sua escola, estes sábios tornaram-se famosos como importantes seguidores de Sripad Madhva. Ficaram famosos como Padmanabha Tirtha e Narahari Tirtha e säo considerados os principais acharyas da escola de Madhva, depois do próprio. Narahari Tirtha é famoso pelos seus comentários sobre o Gita-Bhasya e o Karma-Nirnaya de Madhva. Foi primeiro ministro de Kalinga entre 1271 e 1293. Padmanabha Tirtha escreveu comentários sobre muitas das obras de Madhva, incluindo o Brahma-Sutra-Bhasya, seu Anuvyakhyana, e seu Dasa-Prakaranas. Foi o primeiro comentarista de muitas das principais obras de Madhvacharya.

Após converter Sobhana Bhata e Swami Shastri, Sripad Madhvacharya viajou por Andhrapradesha, Maharastra, Karnataka, e finalmente chegou a Udipi. De regresso a Udipi no norte da India, Madhva confrontou Achyutapreksa, que se recusara a aceitar suas idéias anteriormente. Agora os papéis estavam invertidos; o guru se tornou discípulo e vice-versa. Madhva converteu Achyutapreksa do Vedanta de Shankara para a causa do Vaisnavismo e aceitou-o como seguidor.

Como resultado do sucesso de Madhva ao derrotar os gurus e sábios oponentes, sua reputaçäo cresceu, e o entusiasmo por seu novo sistema de filosofia Vedanta. Conforme seus comentários sobre o Bhagavad-gita e Vedanta se tornavam mais e mais aceitos, seguidores e novos convertidos começaram a juntar-se ao seu grupo de toda India, atraídos por sua personalidade carismática, lógica invencível e conhecimentos das escrituras, e sua fé inspirada.

Enquanto permanecia em Udipi, era hábito regular de Madhva banhar-se no oceano. Certo dia, estava sentado na praia, absorto na contemplaçäo de Sri Krishna. Na hora, ele viu um navio que se dirigia a Dvaraka, que estava para naufragar num banco de areia. Guiou o navio para águas seguras por meio de sinais, que assim pode se aproximar da costa com segurança. O capitäo do navio queria dar algum presente a Sri Madhvacharya, e este aceitou um pedaçäo de gopi-chandana-tilaka. Ao ser presenteado ao acharya, o pedaçäo de tilaka partiu-se ao meio, revelando uma grande Deidade de Krishna. Todos ficaram maravilhados ao encontrar uma Deidade de Krishna dentro do bloco de tilaka, porém Madhvacharya näo estava täo desacostumado com milagres e aceitou o fato como a graça do Senhor. Na ocasiäo, compôs umas belas oraçöes glorificando Sri Krishna, e logo depois disso a Deidade foi instalada no templo em Udipi, onde permanece até hoje. A Deidade pesava tanto que mesmo trinta homens tinham dificuldade em movê-La. Madhva, no entanto, era poderoso de maneira sobre-humana - dizem que era uma encarnaçäo de Vayu - e conseguiu carregar pessoalmente a Deidade até Udipi.

Depois de instalar a Deidade de Krishna em Udipi, revisou o sistema de adoraçäo à Deidade, estabelecendo um regime estrito de ritual cerimonial e comportamento adequado entre seus seguidores, impondo entre outras coisas, a rigorosa observância do jejum nos Ekadasis.

Tendo obtido tanto sucesso na terra natal, era hora de Madhva novamente viajar para longe. Começou uma segunda peregrinaçäo ao norte da India, onde mais uma vez visitou Badarikashrama. O Madhva-vijaya, escrito pelo filho de um dos discípulos de Madhva, descreve como Madhva usou sua mente afiada, seu conhecimento de muitos idiomas tais como o persa e turco, e sua coragem para vencer grandesobstáculos em sua pregaçäo. Durante sua viagem pelo norte da India, Madhva e seus discípulos chegaram a um local na província de Ganga Pradesh onde tensöes políticas entre os hindus e os muçulmanos impediram que atravessassem o rio. Os hindus estavam dum lado do rio e os muçulmanos do outro. Ninguém se atrevia a cruzar o rio, e näo havia nenhum barco disponível. Madhva e seus seguidores, sem ligarem para os soldados muçulmanos que tomavam conta da travessia, nadaram até a outra margem. O grupo todo foi detido. O próprio Madhva foi levado perante o rei muçulmano, Sultäo Jalal-Udin-Khilji, que exigiu uma explicaçäo. Quando finalmente permitiram que Madhva falasse por si, falou em persa, fazendo longa palestra para o rei sobre teísmo devocional. Vendo a intensidade e pureza santa de Sripad Madhvacharya, o coraçäo do sultäo abrandou-se. Ficou täo impressionado com Madhva que queria oferecer-lhe terra e dinheiro, porém Madhva deu o exemplo de renúncia declinando humildemente a oferta do sultäo.

Onde o juizo agudo näo adiantava, Madhva às vezes empregava sua força super-humana para salvar uma situaçäo. Certa vez seu companheiro de viagem e discípulo sanyasi Satya Tirtha foi atacado por um feroz tigre-de-Bengala. Destemido, Madhva lançou-se ao socorro. Depois de lutar com o tigre afastando-o de Satya Tirtha, fê-lo debandar com o rabo entre as pernas. Uma outra vez, enquanto andava peregrinando por uma parte perigosa da India, foi atacado por dacoitas (seita de ladröes) assassinos, porém facilmente manteve-os à distância.

Madhva era uma personalidade de muitas facetas, e viveu uma vida longa e saudável. Era um líder natural que acreditava em cultura física bem como em cultura intelectual, moral e espiritual. Participava de muitas atividades atléticas como luta, nataçäo, montanhismo, o que lhe valeu nos Himalaias. Como vinha de uma família de brahmanas que descendiam de um brahmana guerreiro e encarnaçäo de Deus, Parasurama, ele era alto, forte e robusto. Diziam näo haver limite para sua força física. O Madhva-Vijaya registra como um homem forte chamado Kadanjari que diziam ter a força de trinta homens certa feita desafiou Madhvacharya para uma competiçäo de força. Madhvacharya colocou o dedäo de seu pé no chäo com firmeza e pediu que Kadanjari, o famoso homem forte, tentasse levantá-lo. Forçando-se ao máximo repetidas vezes, o poderoso Kadanjari foi incapaz de demover o dedäo de Madhvacharya. Segundo Trivikrama Pandita, Madhvacharya era dotado dos trinta e dois símbolos corpóreos de uma grande personalidade. Possuía uma voz profunda, sonora e melódica, e era perito cantor. Considerava-se especialmente doce o seu recitar do Srimad-Bhagavatam.

Dessa forma, Madhva viajou extensamente através de toda India. Retornou ao sul da India depois de ter visitado Badarinatha, Delhi, Kurukshetra, Benares, e Goa. Depois disso, suas viagens limitavam-se mais às províncias do sul da India próximo a Udipi. Depois de Shankaracharya, que também viajara extensamente, ele era o segundo Vedanta acharya importante a viajar pela India, e sua vasta campanha de pregaçäo teve efeito duradouro. Gradualmente, seu séquito crescia, conforme grandes personalidades de todas partes da India aceitavam-no como guru. O Madhva-Vijaya menciona que tinha discípulos de muitas terras, e seus atuais seguidores ainda incluem povos de oito idiomas diferentes - Tulu, Kanada, Konkani, Maratha, Telugu, Saurastri do sul, Bengali, e Hindi.

Depois de retornar a Udipi, Madhva novamente mergulhou na atividade literária prolífica. Escreveu comentários sobre os dez principais Upanishads. Escreveu dez grandes tratados filosóficos, os Dasa-Prakaranas, bem como o Anu-Vyakhyana, que muitos consideram sua obra mais importante. Escreveu um resumo do Mahabharata chamado Moksha-Dharma, e também comentou sobre o Srimad-Bhagavatam.

A dedicaçäo de Madhvacharya ao Senhor e sua profunda erudiçäo fizeram dele um inimigo temido e odiado dos seguidores de Shankaracharya, os quais tinham um interesse velado em manter sua posiçäo de únicos vedantistas "bona fide". É dito que "de todas pragas que assolam a humanidade, a pior é a tirania eclesiástica." A tirania dos acharyas do Srngeri-matha fundado por Shankaracharya levou-os a atacar Sripad Madhva com todos meios que tinha disponíveis. Usavam vários meios para perseguir os seguidores de Madhva. Tentavam provar que Madhva näo vinha de uma sucessäo discipular autorizada. Finalmente desafiaram Madhva para um debate.

Os Shankaristas escolheram como seu pandita campeäo um sábio altamente erudito chamado Pundarika Puri, famoso por sua erudiçäo e perícia na argumentaçäo. No debate com Madhva, ele foi humilhado. Ao argumentar com Madhva, Pundarika ficou como um menino de escola encarando um professor. Louco por vingança, o pandita vencido fez um arranjo para que um de seus comparsas, um sanyasi chamado Padma Tirtha, roubasse uma coleçäo valiosíssima de antigas escrituras sânscritas da biblioteca de Sripad Madvacharya. Os livros mais tarde foram recuperados com a ajuda do Rei Jayasimha de Kumla.

Depois que Jayasimha Raja recuperou os livros de Madhvacharya, arranjou-se uma audiência entre Jayasimha e Madhva. O encontro de ambos seria seguido de um debate entre o pandita da própria corte do rei e Madhva. O pandita, Trivikrama Pandita, morador de Vishnumangala, era a autoridade suprema sobre o Vedanta impessoal na terra de Kumla, e um exímio poeta. Encontraram-se no templo de Kudil. Ao final do dia, Trivikrama Pandita falhara em derrotar Madhva, porém recusava-se a render-se. O debate continuou no dia seguinte. No outro dia, Trivikrama Pandita empregou toda sua erudiçäo, esperteza, e poder de argumentaçäo na tentativa de envergonhar Madhva, porém depois de se exaurir, novamente foi incapaz de derrotá-lo. Isto continuou por quinze dias, quando entäo Trivikrama Pandita, com a mente desgastada e as dúvidas destruídas, reconheceu Sri Madhva como seu guru. Rendeu-se aos pés de lótus de Sripad Madhvacharya e foi aceito por ele como seu discípulo. Madhva mandou que escrevesse um comentário sobre Vedanta. O comentário de Trivikrama Pandita chama-se Tattva-Pradipa. A conversäo dele foi a virada decisiva na missäo de pregaçäo de Madhva. Depois de sua conversäo, outros sete importantes sábios tomaram sanyasa de Madhva junto com o próprio irmäo de Trivikrama Pandita, e tornaram-se os primeiros diretores dos oito monastérios Madhvaítas em Udipi. O filho de Trivikrama Pandita era Narayanacharya, que mais tarde escreveu o Madhva-Vijaya.

Nos últimos anos da vida de Madhva, ele escreveu outros comentários sobre as escrituras, incluindo o Nyaya-Vivarana, o Karna-Nirnaya, o Krishnamrita-Maharnava, e outros. Naquela altura, Madhva já estava envelhecendo. Ele completara o que se propusera fazer. Pregara sua mensagem extensamente, elaborara seu sistema filosófico em numerosos comentários, e possuía muitos missionários treinados que continuariam sua obra com grande energia. Escrevera obras originais de caráter täo profundo que continuariam a influenciar o teísmo devocional até o século vinte. Estabelecera a adoraçäo de Krishna em Udipi e dera sanyasa a sábios peritos e pregadores veteranos como Padmanabha Tirtha, Narahari Tirtha, Madhava Tirtha, e Aksobhya Tirtha, os quais lhe sucederiam na promoçäo de ideais filosóficos de puro dualismo teísta. Ao terminar seu comentário sobre o Aitereya Upanishad, às vésperas de seu octogésimo aniversário, Sripad Madhvacharya deixou este mundo e entrou nos planetas eternos de Vaikuntha no nono dia da lua cheia do mês de Magh (correspondente a janeiro-fevereiro) do ano de 1317.

Os princípios essenciais dos ensinamentos de Sri Madhvacharya - onde säo paralelos aos ensinamentos de Sri Chaitanya Mahaprabhu - foram resumidos em dez pontos por Baladeva Vidyabhusana em seu Prameya-Ratnavali. Estes dez pontos säo:

sri madhvah praha vishnum paratamam akhilamnaya vedyam ca visvam
satyam bhedam ca jivam hari carana jusas tartamyam ca tesham
moksham vishnu-anghri-labham tad-amala-bhajanam tasya hetum pramanam
pratyaksadi trayam cety upadisati hari krishna-chaitanya chandra

"Sri Madhvacharya ensinou que:

1) Krishna, que é conhecido como Hari, é o Supremo Senhor, o Absoluto.

2) Esse Senhor Supremo pode ser conhecido através dos Vedas.

3) O mundo material é real.

4) As jivas, ou almas, säo diferentes do Senhor Supremo.

5) As jivas säo por natureza servas de Senhor Supremo.

6) Existem duas categorias de jivas: liberadas e iludidas.

7) Liberaçäo significa alcançar os pés de lótus de Krishna, isto é, entrar num relacionamente eterno de serviço ao Senhor Supremo.

8) Serviço devocional puro é a causa desse relacionamento.

9) A verdade pode ser conhecida através da percepçäo direta, da inferência, e da autoridade védica.

Estes mesmos princípios foram ensinados por Sri Chaitanya Mahaprabhu."

No comentário ao Chaitanya-Charitamrita (C.C. Madhya 9.245), Sripad Bhaktivedanta Swami comenta: "Para mais informaçöes sobre Madhvacharya, deve-se ler o Madhva-Vijaya por Narayana Acharya."

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