sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sri Shyamananda Prabhu

"Simplesmente por aceitar que os associados de Sri Chaitanya Mahaprabhu säo eternamente perfeitos, podemos alcançar o serviço a Krishna em Vrindavana."
Narottama Dasa Thakura

Sri Shyamananda, Srinivasa e Sri Narottama Dasa Thakura säo todos eternos associados de Sri Gaurasundara. Para o propósito de pregaçäo da sagrada mensagem de Sri Chaitanya pelo mundo todo, eles apareceram nesta Terra.

Sri Shyamananda Prabhu nasceu em Utkala, num local chamado Dharenda Bhadura Pura. Seu pai chamava-se Sri Krishna Mandal. Sua mäe era Sri Durika. Sri Krishna Mandal, que era da dinastia dos Seis Gopas, havia gerado muitos filhos e filhas que faleceram antes que esse filho nascesse. Devido ao grande infortúnio que se abatera sobre sua família, Sri Krishna Mandal chamou o filho de Dukhi. Todo mundo dizia que o menino se tornaria uma grande personalidade, um Mahapurusha. Num momento auspicioso no dia de lua-cheia do mês de Caitra, ele apareceu nesse mundo pela misericórdia do Senhor Jaganatha. Porque adviera para pregar as glórias de Jaganatha, o próprio Senhor o protegia enquanto ele crescia. O menino era täo belo que era como o próprio cupido; todos olhos se fixavam nele.

Gradualmente, chegou a hora de fazer a "cerimônia de comer gräos" (ocasiäo em que a criança come pela primeira vez alimento feito de gräos), e logo depois disso ele começou a frequentar a escola. Vendo a mente admirável que a criança possuía, os estudiosos ficaram admirados. Em curto espaço de tempo, o menino aprendera gramática sânscrita, poesia e retórica. E logo depois disso ele começou a estudar seriamente as escrituras. Ao ouvir as glórias de Sri Chaitanya e Nityananda das bocas de devotos locais, o menino desenvolveu um poderoso desejo de se abrigar a Seus pés de lótus. Seu pai, Sri Krishna Mandala, era um grande devoto de Krishna. Vendo seu filho sempre absorto em pensamentos de Gaura-Nityananda, disse-lhe para tomar iniciaçäo no mantra.

O menino disse: "Hriday Chaitanya Prabhu é meu guru, que vive em Ambika Kalna. O guru dele é Gauridas Pandit. Esses dois irmäos, Sri Gaura e Nityananda sempre residem em seu lar. Se ordenares, irei até ele e me tornarei seu discípulo."

Sri Krishna Mandal disse: "Meu filho! Isso é muito longe! Como vai chegar lá?"

Dukhi disse: "Pai, muitas pessoas daqui brevemente iräo a Gauda-desh para se banhar no Ganges. Quando forem, irei com elas."

Durante bastante tempo seu pai pensou nisso, e finalmente deu sua permissäo. Depois de receber as bençäos de seus pais, ele começou sua viagem para Gaudadesh. Gradualmente, chegou a Navadwip e Shantipur, e finalmente alcançou Ambika Kalna. Ao chegar a Ambika Kalna, começou a perguntar às pessoas locais onde ficava a casa de Gauridas Pandit. Estava prestando reverências do lado de fora do templo de Sriman Mahaprabhu na casa de Gauridas Pandit, quando encontrou Hridaya Chaitanya Prabhu. Hridaya Chaitanya, ao ver o menino, disse: "Quem é você?"

Dukhi disse: "Quero prestar serviço a seus santos pés. Vim de muito longe - de Dharenda Vahadur Pura. Nasci na dinastia dos Seis Gopas. Meu pai é Krishna Mandal, e meu nome é Dukhi."

Hridaya Chaitanya ficou contente com as doces palavras desse jovem menino. Disse-lhe: "De agora em diante seu nome será Krishna Das."

A partir daquele dia, Sri Krishna Das servia seu guru assiduamente. Sri Hridaya Chaitanya esperou por um dia auspicioso e logo iniciou-o no mantram. Krishna Das logo ficou fixo em seu serviço. Vendo o serviço determinado de Krishna Das, sua bhakti e sua profunda inteligência e entendimento, Hridaya Chaitanya ordenou que fosse a Vrindavana para procurar Jiva Goswami. Mandou que estudasse as escrituras dos Goswamis e seus associados sob a guia de Jiva Goswami.

Sri Krishnadasa curvou sua cabeça e aceitou a ordem de seu guru para rumar para Vrindavana, e num dia auspicioso, principiou sua jornada. Na ocasiäo, Sri Hridaya Chaitanya Prabhu enviou muitas mensagens através de Krishna Dasa, para serem levadas aos residentes de Vrindavana. Pediu-lhe que comunicasse seus dandavats e respeitos aos pés de lótus dos seis Goswamis. Dukhi Krishna Das primeiro foi a Navadwip Dhama. Ali ele indagou dos habitantes locais onde encontraria a casa de Jaganatha Mishra, e se poderia entrar naquela casa. Chegando à morada de Sri Gauranga, encontrou Ishan Thakura e ofereceu plenas reverências e respeitosas oraçöes a ele. Ishan estava muito velho. Perguntou a Krishnadas: "Quem é você?". Krishnadas explicou-lhe. Ouvindo a história, Ishan concedeu suas bençäos a Krishnadas. Depois de passar alguns dias em Navadwip, Krishnadas voltou sua doce face para Vrindavana e continuou sua viagem.

No caminho ele passou por Gayadham a fim de tomar darshan dos pés de lótus da Deidade de Vishnu ali, onde Sri Chaitanya Mahaprabhu tomara iniciaçäo de Ishvara Puri. Lembrando-se de como Ishvara Puri dera o mantra ao Senhor, ele foi inundado pelo êxtase. Depois disso, dirigiu-se a Benares, Kashidhama.

Lá, tomou darshan dos santos pés de Tapana Mishra, Chandrasekhara, e muitos outros devotos, oferecendo oraçöes e reverências a todos eles. Todos concederam inumeráveis bençäos a Krishnadasa, e ele continuou seu caminho para Mathura. Depois de muito tempo, finalmente entrou em Mathura. Ali, banhou-se em Vishrama-ghata, tomou darshan da Deidade Adikeshava e, ao visitar o local onde Sri Krishna apareceu nesse mundo, ficou soluçando de prema. Logo após, dirigiu-se a Vrindavana.

Depois de descobrir a localizaçäo exata do bhajan-kutir de Jiva Goswami pelos habitantes locais, procurou Jiva Goswami. Chegando a seu bhajan-kutir, ofereceu seus dandavats e respeitos a Jiva Goswami. Jiva Goswami perguntou quem ele era, e Krishnadas contou tudo. Explicou como era discípulo de Hridaya Chaitanya, e como este o enviara para Jiva Goswami para ser instruído nas escrituras. Jiva Goswami fora informado anteriormente por Hridaya Chaitanya: "Tenho um discípulo chamado Dukhi Krishna Dasa. Estou oferecendo ele a você. Ensina-o bem a consciência de Krishna. Quando sua mente estiver fixa em consciência de Krishna, depois de ter estudado as escrituras cuidadosamente sob tutela por algum tempo, pode mandá-lo de volta para mim."

Ao saber que Dukhi Krishnadasa fora enviado por Hridaya Chaitanya para trabalhar sob sua orientaçäo, Sri Jiva Goswami ficou muito contente. Krishnadasa estava sob sua proteçäo. Sri Krishnadasa cuidadosamente serviu Jiva Goswami e estudou as escrituras dos Goswamis muito seriamente. Naquela época Srinivasa Acharya e Narottama Das Thakura também vieram estudar as escrituras dos Goswamis sob a autoridade de Jiva Goswami. Krishnadas se reunia com eles e estudavam as escrituras juntos.

Krishnadas orava por serviço que o aproximasse mais de Jiva Goswami. Quando Jiva Goswami reparou nisso, disse com alegria: "Todo dia deves pegar uma água do Kanana-Kunja." A partir daquele dia, Dukhi Krishna Das com muito afeto e entusiasmo ia àquele Kunja para encher o pote d'água de Jiva Goswami. A oportunidade de servir Jiva Goswami dessa forma, trouxe novo significado à vida de Krishnadas. Por pegar água todo dia para Jiva Goswami, Krishnadas sentiu uma transformaçäo em si mesmo. Ele ficava cheio de alegria, e seus olhos se enchiam de lágrimas de êxtase. Sempre que ouvia o nome de Radha e Govinda cantado em voz alta no kirtana ou quando se lembrava de seus passatempos divinos, ele ficava mudo e maravilhado. De tempos em tempos ele reparava que uma moça que parecia ser uma linda princesa pegava água do mesmo Kunja e a levava sobre a cabeça. Brahma e Shiva se encantariam com sua beleza. Dessa forma, Dukhi Krishnadasa continuou seu serviço de visitar o Kunja e pegar água para Jiva Goswami. Seu serviço certamente agradou ao príncipe e princesa de Vraja, Sri Sri Radha e Krishna, tanto assim que desejavam se revelar a Krishnadas. Certo dia, Krishnadas estava realizando seu dever regular de encher o pote d'água no Kunja. Estava plenamente absorto no samadhi de krishna-prema. Naquele momento ele viu dentro d'água sob seu pote, uma bela pulseira brilhante, uma tornozeleira. Ao vê-la, ficou admirado com sua beleza e inundado de êxtase transcendental. Esticou sua mäo para dentro das águas do Kunja e trouxe para fora essa tornozeleira diferente, Entäo, encontrando um pedaço de pano que parecia a beira de um manto feminino preso à tornozeleira, pensou em procurar a proprietária da tornozeleira a fim de devolvê-la.

Naquele local, naquela mesma manhä, vendo que a tornozeleira do pé esquerdo de Sri Radha Thakurani estava sumida, suas amigas gopis emudeceram. Sri Radha Thakurani disse: "Ontem à noite enquanto dançava com Krishna às margens do Kunja, a tornozeleira deve ter caído no Kunja; väo lá, e depois de encontrá-la, devolvam para Mim." Visakha Devi foi para a beira do Kunja e começou a procurar e procurar pela tornozeleira. Enquanto ela procurava, encontrou Dukhi Krishna Das, que naquela hora estava enchendo seu pote d'água no Kunja.

Visakha Devi perguntou a ele: "Encontraste uma tornozeleira por aqui?" Dukhi Krishnadasa, vendo esta linda moça que parecia uma deusa do céu, ficou maravilhado com sua refulgência. Ao ouvir as palavras ambrosíacas desta deusa imortal, ficou mudo de êxtase de amor por Deus. Visakha Devi novamente lhe perguntou: "Achou uma tornozeleira perto daqui?" Dukhi Krishna Das humildemente ofereceu suas respeitosas reverências e mansamente falou: "Sim, está comigo. Por favor, diga-me quem és?" Visakha disse: "Sou a filha de um gopa."

"Onde moras?"
"Moro nesse vilarejo."
"A tornozeleira é tua?"
"Näo, näo é minha. Na minha casa há uma moça recém-casada..."
"Como foi perdida aqui?"
"... Ontem quando ela pegava flores aqui no Kunja, de alguma maneira escapou de seu pé e perdeu-se na água. Vim aqui para achar a tornozeleira. Espere aqui, e a trarei."

Pouco depois, Sri Radha Thakurani veio com Visakhadevi e escondeu-se atrás de uma árvore. Visakha devi disse: "ó devoto! Ela veio pegar a tornozeleira." A certa distância, Dukhi Krishnadas conseguia ver a brilhante refulgência da filha do Rei Vrishabhanu, e se sentiu como se sua alma tivesse sido arrebatada de seu corpo. Em grande bem-aventurança transcendental ele deu a tornozeleira para Visakhadevi. Na hora ele teve alguma intuiçäo que um grande mistério lhe estava sendo revelado. Com seus olhos cheios de lágrimas de krishna-prema, ele caiu ao solo e ofereceu reverências prostradas em total submissäo. Sua voz ficou estrangulada de tanto êxtase. Naquele momento Visakha Devi disse: "ó melhor dos devotos, minha amiga queria muito demonstrar sua gratidäo concedendo-lhe uma bençäo. Pode pedir o que quiser."

Dukhi Krishnadas replicou: "Näo há nada que eu queira; apenas oro para tomar a poeira dos pés de lótus dela."

Visakha Devi redarguiu: "Tome um banho nesse Kunda." Dukhi Krishnadas foi banhar-se no Kunda, ofereceu suas reverências, e entäo, ao imergir-se na água, ele assumiu a forma de uma belíssima jovem. Retornando a Visakhadevi, Dukhi Krishnadas ofereceu respeitos a ela. Visakhadevi levou a nova gopi para Sri Radha Thakurani. A nova gopi ofereceu suas reverências na poeira dos pés de lótus de Sri Radha. As sakhis sentaram a nova gopi no meio delas. Na ocasiäo, Sri Radharani aplicou um pouco de kumkum na tornozeleira e fez uma marca de tilaka na cabeça da nova gopi, dizendo: "Esta tilaka tem que permanecer em tua testa. A partir de hoje, teu nome será Shyamananda. Agora vá." Com isso, Radha Thakurani com todas suas amigas gopis, desapareceu. O samadhi de Dukhi Krishnadas rompeu-se. Na água ele conseguia enxergar no seu reflexo a refulgente marca de tilaka que a tornozeleira deixara em sua testa.

Seu coraçäo encheu-se de espanto ante a visäo, e pensou consigo mesmo: "O que acabo de ver!" Dizendo isto, começou a chorar de alegria. Depois disso, oferecendo centenas e centenas de oraçöes a Sri Radha Thakurani, ele retornou aos pés de lótus de Sri Jiva Goswami.

Ao ver a nova marca de tilaka que brilhava com tanta refulgência na testa de Dukhi Krishnadas, Jiva Goswami emudeceu. Ele indagou quanto à sua origem. Dukhi Krishnadas curvou-se perante seu mestre e com os olhos rasos d'água, relatou toda a história a Jiva Goswami. Ao ouvir isso, Jiva Goswami ficou supremamente contente. Ele disse: "Näo revele a história desse milagre às pessoas em geral. A partir desse dia seu nome será Shyamananda."

Notando a mudança de nome e tilaka de Dukhi Krishnadas, a comunidade Vaisnava passou a falar sobre ele. Gradualmente a notícia chegou até Ambika Kalna em Gauda desh. Ouvindo que seu discípulo havia modificado seu nome e tilaka, Hridaya Chaitanya ficou irado. Rapidamente ele partiu para Vrindavana. Quando ele chegou ao local onde Krishnadas ficava, Krishnadas caiu diante dos pés de lótus de seu gurudev, oferecendo seus dandavats. Sri Hridaya Chaitanya, vendo a nova tilaka na fronte de seu discípulo, ficou muito irado e disse: "Sua conduta é abominável, está me desgraçando!" Dessa maneira ele reclamou com Dukhi Krishnadas e golpeou-o repetidamente, enquanto os Vaisnavas faziam o que podiam para pacificar Hridaya Chaitanya Prabhu. Dukhi Krishnadas aguentou o castigo de seu guru com um rosto alegre, pois ele sabia que nunca tinha deixado o serviço a seu guru maharaja.

Naquela noite, Sri Hridaya Chaitanya Prabhu teve um sonho em que via Sri Radha Thakurani. Srimati Radharani reclamou com Hridaya Chaitanya, dizendo: "Porque Sri Dukhi Krishnadas me agradou muito, dei-lhe este novo nome e tilaka. Porque o instruiste de outra forma?" Hridaya Chaitanya caiu aos pés da princesa de Vraja orando por perdäo, percebendo que cometera uma grande ofensa.

Na manhä seguinte, Sri Hridaya Chaitanya chamou Shyamananda Prabhu para perto de si e e abraçou-o afetuosamente repetidamente. Com lágrimas de êxtase em seus olhos falou a seu discípulo: "Você é muito afortunado." Alguns dias mais tarde, Sri Hridaya Chaitanya deixou Vrajadhama. Dias depois, Jiva Goswami ordenou que Shyamananda Prabhu retornasse a Gauda desh.

Shyamananda Prabhu, Srinivasa Acharya, e Narottama Das Thakura, muito contentes, tinham passado muitos dias estudando as escrituras dos Goswamis sob a tutela de Sri Jiva Goswami e moviam-se através de Vrindavana como humildes mendicantes, praticando Madhukari. Estes três devotos praticavam seu madhukari e realizavam seu bhajan como se fossem um só. Dessa maneira, eles estavam bem fixos e determinados em seu serviço devocional.

Desta maneira, tendo sido convidados pelos Goswamis, os três foram pregar a mensagem de Sri Chaitanya Mahaprabhu, especialmente como encontra-ses nas escrituras dos Goswamis. Certo dia, Jiva Goswami chamou os três juntos e revelou-lhes como realizar a vontade dos Goswamis. Os três curvaram suas cabeças e receberam as ordens de Jiva Goswami com grande respeito. Depois disso, num dia auspicioso, após ver Jiva Goswami, que confiou as escrituras sagradas dos Goswamis a eles, os três partiram para Gauda-desh.

No caminho, o Rei de Vanavishnupura, Birhambir, fez com que seus homens roubassem as escrituras deles. A fim de recuperar as escrituras roubadas, Srinivas Acharya ficou para trás. Sri Narottama Thakura foi a Kheturigram e Shyamananda Prabhu retornou a Ambika Kalna. Ao chegar a Ambika Kalna, Shyamananda Prabhu ofereceu seus respeitos aos pés de lótus de Hridaya Chaitanya. Os dois se abraçaram com grande júbilo e afeiçäo, e Hridaya Chatanya indagou sobre o bem-estar dos grandes devotos e Goswamis em Vrindavana. Ao ouvir sobre o roubo das escrituras dos Goswamis, Hridaya Chaitanya ficou profundamente chocado e desapontado. Logo, Shyamananda estava novamente oferecendo serviço aos pés de lótus de seu gurudeva Hridaya Chaitanya Prabhu. Após alguns dias, Shyamananda Prabhu ficou completamente absorvido em guruseva e sua felicidade crescia dia a dia. Quase todos associados pessoais de Sri Chaitanya em Utkala desh nessa altura tinham desaparecido um a um, e entrado nos passatempos imanifestos do Senhor. A pregaçäo da mensagem de Chaitanya Mahaprabhu quase que deseparecera. Sri Hridaya Chaitanya, ao ouvir tudo isso, ficou muito preocupado. Entäo ordenou que Sri Shyamananda Prabhu fosse a Utkala desh e pregasse a mensagem dos Goswamis e os ensinamentos de Sri Chaitanya. Ao deixar seu gurudeva, Shyamananda sentiu grande pesar em seu coraçäo. Compreendendo seu coraçäo, Hridaya Chaitanya chamou Shyamananda para junto dele e fez com que entendesse sua preocupaçäo. Sem ter outra alternativa, Shyamananda Prabhu partiu para Utkala com as ordens do guru sobre sua cabeça. A caminho de Utkala, passou por seu antigo vilarejo de Dharendra Bahadurpur. Ao ver o próprio Dukhi deles de volta ao lar depois de tanto tempo longe, o povo da vila ficou extremamente contente. Por alguns dias ele ficou por ali e pregou o santo evangelho de Sri Chaitanya. Muitas pessoas ouviram-no e encantadas com ele, refugiaram-se em seus pés de lótus.

Depois disso, ele chegou a uma cidadezinha chamada Dandeshwar. Ali Sri Krishna Mandala vivera antigamente. Shyamananda Prabhu abençoou a cidade de Dandeshwar e os devotos que ali viviam através de sua santa associaçäo, para a extrema felicidade de todos eles. Por muitos dias ele pregou Harikatha e realizou um grande festival ali. Muitas pessoas, ao ouvirem a divina mensagem de Shyamananda Prabhu, ficaram encantadas com sua santidade e tornaram-se discípulas dele. Finalmente, Shyamananda Prabhu chegou a Utkala, santificando o solo dali com sua santa presença e novamente ele começou a pregar a mensagem de Sri Chaitanya em todo lugar.

As margens do rio Suvarna-rekha vivia um piedoso zamindar chamado Achyutadeva. Rasikananda era o nome de seu único filho. Desde quando era menininho, ele era um modelo de krishna-bhakti. Visando sua educaçäo, o pai contratara alguns sábios eruditos para ensiná-lo. Rasikananda estudava na casa dos Pandits. Porém näo tinha interesse pelo conhecimento mundano. Em tudo que estudava ele achava que Hari-bhakti era a conclusäo suprema. Afinal tornou-se ansioso por abrigar-se nos pés de lótus de um guru Vaisnava. Certo dia ele estava sentado sozinho, pensando. Nesse momento, ouviu uma voz dizendo: "Rasikananda! Näo fique aí matutando. Brevemente um grande devoto, um mahabhagavat chamado Shyamananda Prabhu virá até aqui; procure-o e abrigue-se em seus pés de lótus." Ouvindo essa voz divina, sentiu-se um tanto encorajado. A partir daí, ficou muito desejoso de ver Shyamananda Prabhu e estava sempre olhando a estrada na expectativa de sua chegada.

Alguns dias depois, Sri Shyamananda Prabhu junto com seus discípulos fez sua entrada auspiciosa na casa de Rasikananda dev, no vilarejo chamado Rohini, às margens do Suvarna-rekha. O deleite de Sri Rasikananda dev näo tinha limites. Ele prestou suas plenas reverências num humor de grande humildade e acolheu Sri Shyamananda Prabhu em sua casa, onde lhe ofereceu o tradicional puja, e fez com que todos seus amigos, parentes, e crianças se rendessem aos pés de lótus de Shyamananda. Ficou acertado que num dia auspicioso, Shyamananda iniciaria Rasikananda dev Prabhu no mantra Radha-Krishna. Eles principiaram o cantar de Hare Krishna em sankirtan no lar de Rasikananda dev com todos outros devotos, convidando todos amigos e parentes a participarem. Todo mundo no vilarejo ocupou-se em Sankirtana-yajna, e tomou darshan de Shyamananda Prabhu. Abismado com as maravilhosas explicaçöes da mensagem de Gaura-Nityananda, todos se abrigaram em seus pés de lótus. Dessa forma, a cidadezinha de Rohini tinha muitos discípulos de Sri Shyamananda Prabhu.

Na cidade de Rohini havia um grande yogi chamado Damodara. Certo dia ele foi tomar darshan de Sri Shyamananda Prabhu. De longe ele enxergou uma divina refulgência brilhante como o sol, a qual emanava de Shyamananda Prabhu, ofuscando sua visäo. A seguir, enquanto se aproximava do grande acharya, ele caiu a seus pés de lótus e ali se abrigou, oferecendo muitas oraçöes em submissäo. Devolvendo o respeito demonstrado pelo yogi, Shyamananda Prabhu, os olhos cheios d'água, disse: "Caso sua santidade desejar desenvolver a pureza divina, por favor apenas cante sempre os santos nomes de Gaura e Nityananda. O Senhor é supremamente misericordioso. Se apenas fizer isto, Ele lhe concederá krishna-prema." Ao ouvir o que Shyamananda Prabhu dissera, o coraçäo de Yogi Damodara derreteu. Ele respondeu: "Se por gentileza me conceder sua misericórdia, adorarei os pés de lótus de Gaura-Nityananda a partir de agora." Shyamananda Prabhu deu suas bençäos ao yogi, e concedeu-lhe sua misericórdia transcendental. Yogi Damodara tornou-se um grande devoto de Sri Sri Gaura Nitai. Ele costumava cantar constantemente os santos nomes de Gaura e Nityananda com lágrimas de alegria jorrando de seus olhos.

Em Balaram Pura viviam muitas pessoas ricas. Ouvindo sobre as glórias de Shyamananda Prabhu, as pessoas dali tornaram-se muitos ansiosas por vê-lo. As pessoas piedosas, fieis, e santas dali começaram a orar com grande sinceridade para que Shyamananda Prabhu viesse e visitasse Balaram Pura. Logo, Shyamananda Prabhu deu-lhes sua misericórdia. Ele prometeu responder ao convite. Pouco tempo depois, Shyamananda Prabhu chegava a Balaram Pura com Rasikananda dev e Yogi Damodara, bem como muitos outros de seus discípulos e devotos. O êxtase das pessoas santas em Balaram Pura era ilimitado. Ofereceram puja aos pés de lótus de Shyamananda Prabhu, e conduziram seu bhajan de modo muito belo, observando todas regras e regulamentos adequados dos shastras. Alguns dias depois, realizaram grande festival de kirtana e hari-katha em Balarama Pura. Muitas pessoas vieram e se renderam aos pés de lótus de Sri Shyamananda Prabhu.

Depois disso, Shyamananda Prabhu foi a Nrishingha Pura. Em Nrishingha Pura havia uma porçäo bastante grande de ateístas, agnósticos, e blasfemadores. Depois de alguns dias, Shyamananda Prabhu realizou um festival de sankirtana. Os pandits agnósticos e ateístas foram ver Shyamananda Prabhu e escutaram suas explicaçöes doces e nectáreas de hari-katha. Por ouvir suas palavras, seus coraçöes ficaram emocionados. Aceitaram refugiar-se nos pés de lótus de Shyamananda Prabhu.

Dia após dia, a notícia das glórias de Shyamananda chegava a Utkala. De Nrishingha, Shyamananda Prabhu foi até Sri Gopi Valabha Pura. Ali residiam muitas pessoas abastadas. Depois de tomar darshan de seus pés de lótus, elas ficaram admiradas. Quase todas aceitaram abrigar-se aos pés de lótus de Shyamananda Prabhu. Oraram a seus pés para que ele instalasse umas deidades, a fim de que pudessem ocupar-se na adoraçäo das deidades. Suplicaram-lhe com grande sinceridade que fizesse isto. Logo depois, os devotos haviam estabelecido um templo do Senhor com saläo de kirtana, uma despensa para guardar bhoga, e uma cozinha especial onde as refeiçöes do Senhor podiam ser preparadas, bem como um ashram onde os servos das deidades podiam viver, e uma casa de hóspedes para Vaisnavas visitantes. Próximo ao templo tammbém construíram um pequeno laguinho e belos jardins. Brevemente, realizaram um grande festival, e na ocasiäo Shyamananda Prabhu instalou as deidades: Radha-Govinda. Quando a cerimônia de instalaçäo e festival foram concluídos, Shyamananda Prabhu partiu para sua cidade-natal de Utkala. Ao ver a beleza encantadora das deidades Radha-Govinda, todos sentiram paz em seus coraçöes. Depois que Shyamananda Prabhu partira para Utkala, os residentes de Gopi Valabha Pura encarregaram Rasikananda Prabhu da responsabilidade pelo serviço às Deidades.

Chegando em Utkala Pura, Sri Shyamananda Prabhu pregou a mensagem de Gaura Nityananda, e finalmente, retornando a Ambika-Kalna, ele prestou seus respeitos aos pés de lótus de Sri Hridaya Chaitanya. Tendo oferecido seus respeitos e oraçöes a Hridaya Chaitanya Prabhu, contou-lhe tudo sobre sua bem-sucedida pregaçäo da mensagem de Gaura Nityananda em Utkala, Dandeshwar, Rohini, Balaram Pura, Nrishingha Pura e Gopi Valabha Pura. Ouvindo sobre as vitórias de seu discípulo, Sri Hridaya Chaitanya afetuosamente abraçou Shyamananda Prabhu.

Depois de algum tempo, Sri Shyamananda Prabhu foi convidado ao famoso festival em Kheturigram, terra natal de Narottama Das Thakura. Após receber seu convite, Shyamananda Prabhu e seus discípulos partiram em direçäo de Kheturigram. Após chegarem lá, encontraram seus amigos de toda vida: Narottama Thakura e Srinivas Acharya. Abraçando cordialmente uns aos outros, flutuaram nas ondas da felicidade. Nesse festival, Jahnava Mata, Sri Raghunandan Thakura, Sri Achyutananda, e Sri Vrindavana Das Thakura, outros eternos associados de Sri Gaurachandra, bem como muitas grandes almas e devotos importantes agraciaram todos ali através de suas presenças. Quando o festival chegou ao fim, Sri Shyamananda Prabhu disse adeus a todos devotos reunidos e novamente voltou sua face na direçäo de Utkala, a fim de realizar a jornada da volta.

A caminho de Gauda Desh, parou na cidade de Kanthak Nagara, na casa de Gadadhara Das Thakur; em Yajigrama, na casa de Srinivas Acharya; e em Sri Khanda na casa de Raghunandana Thakura. Depois daquela época, muitos dos associados eternos de Sri Chaitanya Mahaprabhu faleceram e entraram nos eternos passatempos imanifestos do Senhor. Após algum tempo, Shyamananda Prabhu chegou em Utkala. Passando de casa em casa de devoto, ele ía de cidade em cidade, e agraciou muitos devotos com suas bençäos. Brevemente chegou a Sri Gopi Valabha Pura. Na ocasiäo escutou notícias do falecimento de seu guru, Sri Hridaya Chaitanya. Ao ouvir tal notícia trágica, Sri Shyamananda Prabhu desmaiou. Ele caiu num estado de completa ansiedade, desapontamento e perplexidade. Naquela noite, contudo, sonhou com Hridaya Chaitanya, que o encorajava a pregar.

De Utkala desh, as glórias de Shyamananda Prabhu foram pregadas às quatro direçöes. Como resultado de sua influência, a adoraçäo constante e serviço de Gaura e Nityananda foram estabelecidos largamente. Rasikananda, Sri Murari, Radhananda, Purushotama, Manohara, Chintamani, Balabhadra, Sri Jagadishvara, Gadadhara, Anandananda e Sri Radha Mohan e outros foram os mais queridos discípulos confidenciais de Shyamananda Prabhu.

Srila Shyamananda Prabhu, tendo sido bem-sucedido em suas muitas campanhas de pregaçäo, retornou a Gopi Valabha Pura, e ali, após alguns dias, realizou-se um grande festival. Depois disso, durante o mês de Asarh, no dia de Krishnapratipada, o grande acharya Shyamananda Prabhu entrou na lila eterna do Senhor. Seu samadhi encontra-se em Gopi Valabha Pura, onde o serviço de sua deidade continua até os dias de hoje.

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